quarta-feira, 30 de setembro de 2009


A Dislexia e os Distúrbios do Desenvolvimento da Linguagem

A Dislexia e os Distúrbios do Desenvolvimento da LinguagemUma percentagem expressiva de crianças em idade escolar apresenta dific uldades no processo de alfabetização, decorrentes de uma disfunção cerebral de origem genética (no caso da dislexia pura) ou por distúrbios durante o período embrionário e/ou eventos perinatais que acarretam lesões focais e/ou difusas do córtex e comprometem (no caso dos distúrbios do desenvolvimento da linguagem) o processo de aquisição da linguagem oral e escrita.A leitura pode realizar-se através de dois circuitos neurais distintos. Na leitura semântica a palavra como um todo é identificada na área de reconhecimento de palavras e a partir daí associada ao seu significado. Por exemplo, no caso de nomes, com a associação da palavra ao rosto, voz, etc. da pessoa correspondente. No caso da leitura fonológica, as sílabas que compõem a palavras são identificadas individualmente na área de reconhecimento de sílabas que deve activar a área de Broca para produzir a palavra. Só depois do reconhecimento da palavra falada é que o seu significado é estabelecido. A disfunção da via fonológica é um facto muito frequente nas crianças disléxicas.O comprometimento do sistema de leitura fonológica é a causa mais comum dos distúrbios de aprendizagem da leitura e escrita. Por serem incapazes de reconhecer e/ou produzir, adequadamente, os fonemas da sua língua materna, essas crianças encontram grandes dificuldades na associação dos grafemas (sílabas) aos fonemas (sons) que constituem uma palavra. Por esse motivo, os processos de alfabetização silábica impõem a essas crianças uma dificuldade adicional na aprendizagem da leitura e escrita. As neurociências têm mostrado que os processos de leitura e escrita semântica têm mais sucesso na alfabetização da criança disléxica ou com distúrbios do desenvolvimento da linguagem.A dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita pode ter origem, também, em distúrbios do sistema visual ou da espacialidade que dificultam a identificação das letras e palavras; ou em distúrbios da motricidade e noção espacial que comprometem a escrita.A alfabetização da criança disléxica ou com distúrbios do desenvolvimento da linguagem, deve ter em consideração que o progresso dessa criança poderá ser lento, de modo que uma mínima competência na leitura e escrita pode ser estabelecida em tempos muito diferentes daqueles que são necessários para o domínio do conhecimento noutras áreas, como por exemplo, na matemática e ciências. A escola tem que desenvolver para estas crianças programas de trabalho que não privilegiem a leitura e escrita como meio de transmissão e aquisição de conhecimento. A criança disléxica ou com DDL deve poder adquirir esse conhecimento com o emprego da linguagem oral, que eventualmente domine, e com o auxílio de recursos visuais que aumentem seu sucesso no aprendizagem.A escola deve também adequar o seu programa de avaliação do desenvolvimento da criança disléxica ou com DDL à sua dificuldade na leitura e escrita. A avaliação do progresso cognitivo dessas crianças deve ser predominantemente oral e utilizar-se de outros meios que permitam a criança expressar adequadamente seu conhecimento.Como a criança hiperactiva, impulsiva e/ou desatenta também pode apresentar dificuldades na utilização da linguagem escrita como ferramenta de aquisição e expressão de conhecimento, a escola deve generalizar o processo de transmissão e avaliação de conhecimento acima discutido, para toda e qualquer criança que por motivos de controlo de atenção não consiga utilizar a leitura e a escrita como meio de aquisição ou expressão de conhecimento.O que se expõe a seguir é um conjunto de sugestões para que a escola possa definir suas metas de trabalho e elaborar o seu estatuto de normas e regras de conduta social e procedimentos pedagógicos que contemple um ambiente propício à aprendizagem destes alunos.Uma meta deve ser definida pela escola para organizar e estabilizar o comportamento dos seus integrantes nas seguintes áreas:1) Relacionamento Social: que trata das relações entre professores, alunos, funcionários e família.2) Preservação Física: que cuida tanto da preservação das dependências da escola e do material escolar colectivo e privado, como da higiene colectiva e privada.3) Dinâmica da sala de aula: que deve proporcionar um ambiente harmónico para a aprendizagem.4) Dinâmica extra-sala: envolve actividades de recreativas, extra-curriculares, passeios, etc.A tradição do uso da linguagem escrita como meio de transmissão, aquisição e expressão do conhecimento impõe às crianças portadoras de distúrbios de aprendizagem uma dificuldade extra no seu processo de aprendizagem.

Por esse motivo, os professores deverão assim reconhecer como direitos desses alunos:A adequação da complexidade dos textos utilizados: esses textos devem ter a complexidade adequada à capacidade de leitura, escrita e atenção do aluno, tanto no que se refere ao trabalho em língua materna, como na matemática, ciências e outras disciplinas.O apoio para os textos utilizados: o professor deve trabalhar isoladamente com cada criança para que ela consiga compreender o texto da tarefa proposta. Se a capacidade de leitura e escrita da criança não é compatível com o texto (como nos casos de grande desfasamento na alfabetização em relação às outras disciplinas), o docente deve apresentar o texto oralmente e fornecer à criança toda e qualquer explicação necessária para que ela possa realizar a tarefa proposta com êxito.A avaliação oral de seu conhecimento: a dificuldade no manuseio da leitura e escrita deve ser eliminada do processo de avaliação do progresso cognitivo da criança. Uma vez identificados os distúrbios de atenção ou de alfabetização da criança, o seu desenvolvimento nas outras disciplinas deve ser avaliado de maneira independente, utilizando-se para isso a linguagem oral e ferramentas visuais, que permitam a criança expressar sem dificuldades seu conhecimento sobre os temas abordados.A utilização de processos alternativos de comunicação: sempre que a capacidade de comunicação oral também estiver comprometida (como no caso dos deficientes auditivos ou dos portadores de DDL) a escola deve estar preparada para utilizar métodos alternativos eficientes para comunicação com a criança.A utilização de material bem ilustrado visualmente: o homem é um ser que além de falar, utiliza o sistema visual como principal fonte sensorial de informação. É preciso que as actividades, e principalmente os textos, a serem utilizados com todas as crianças, e principalmente aquelas portadoras de distúrbios de aprendizagem, sejam muito bem ilustrados, para que sejam de fácil compreensão.A expansão do seu conhecimento sobre o mundo: a ampliação do conhecimento sobre o mundo é uma necessidade da criança com distúrbios da aprendizagem, pois isso permite-lhe utilizar a sua capacidade de estabelecer relações, para criar alternativas para contornar as suas dificuldades de aprendizagem.A utilização de ferramentas que reduzam as suas dificuldades: por exemplo, a criança com discalculia deve utilizar a calculadora para solução dos problemas ou desafios aritméticos, pois isso reduz a dificuldade da tarefa. O que importa é que a criança aprenda qual o cálculo a ser utilizado e não perca tempo, e com isso fique desfasada dos restantes elementos da sua turma. O treino do cálculo aritmético pode e deve continuar em horários especiais para isso. Não deve haver objecções para o uso da calculadora, quer por parte da escola, quer por parte dos pais, pois todos se devem lembrar que, hoje, o computador é que se encarrega dos cálculos em qualquer lugar.A criança portadora de distúrbios de aprendizagem não deve ser discriminada na escola pelas suas dificuldades, quer sejam elas cognitivas ou comportamentais. Por isso, a escola deve:Trabalhar a diversidade como factor evolutivo positivo: professores, funcionários, alunos e familiares devem compreender que a diversidade humana é um factor positivo para evolução do homem, e que portanto deve ser respeitada.Executar o trabalho diferenciado com essas crianças como direito e não privilégio: as crianças quando adequadamente orientadas, não questionarão o trabalho diferenciado com as crianças portadoras de deficiências. Compreenderão que não se tratam de privilégios mas sim de necessidades específicas dessas crianças.A escola deve discutir adequadamente os direitos da criança com problemas de aprendizagem, para criar um ambiente e um programa que por favorecer sua aprendizagem, aumente a sua auto estima e a sua inclusão social.

Emílio Jorge Martinho

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Texto Inclusão



Educação Especial Inclusiva
"Deus me dê a paciência de me conformar com as coisas que não posso alterar, me dê a coragem de alterar as coisas que posso, e me dê a sabedoria de distinguir entre umas e outras" (Christoph F. Oetinger).

Muito se fala em Educação Especial Inclusiva, mas nem sempre temos uma noção correta a seu respeito. Julgamos bastante apropriado o seguinte conceito de Educação Especial: "Conjunto de medidas e recursos (humanos e materiais) que a administração educativa coloca à disposição dos alunos com necessidades educativas especiais: pessoas com algum tipo de défice, carência, disfunção ou incapacidade física, psíquica ou sensorial, que lhes impeça um adequado desenvolvimento e adaptação" (Ezequiel Ander-Egg, 1997).

A Educação Especial engloba uma imensa diversidade de necessidades educativas especiais, assim como uma equipe multidisciplinar, composta pelos mais diversos profissionais e especialistas. Seu objetivo principal é promover uma melhor qualidade de vida àqueles que, por algum motivo, necessitam de um atendimento mais adequado à sua realidade física, mental, sensorial e social.

Seus destinatários são todas as pessoas que precisam de métodos, recursos e procedimentos especiais durante o seu processo de ensino-aprendizagem.

A Educação Especial deve ser vista no contexto da Educação Geral, ou seja, o portador de necessidades especiais deve ser atendido no mesmo ambiente que o não-portador. A esta tendência contemporânea chamamos de Educação Inclusiva, uma vez que o portador de necessidades especiais é inserido em classes regulares de ensino, sendo tão digno e merecedor da educação como qualquer outra pessoa.

Numa sociedade tão preconceituosa e discriminadora como a nossa, muitos pais de alunos ditos normais são contrários a esta inclusão Também alguns professores, coordenadores, diretores e funcionários, desinformados ou pouco esclarecidos, oferecem resistência a estas tentativas. Mas, mesmo assim, várias, e com muito êxito, têm sido as experiências de inclusão de alunos portadores de necessidades educativas especiais nas classes e/ou escolas regulares. Precisamos ensinar à sociedade, de uma maneira geral, que as pessoas antes de serem portadoras de necessidades educativas especiais são seres humanos capazes e dotados de inúmeras possibilidades, com um grande potencial a ser trabalhado. Nada justifica o seu isolamento do convívio com outras pessoas, seja dentro ou fora da escola.

A inclusão deve ser cuidadosa e racional, pois uma precipitação pode provocar mais frustração do que satisfação ao portador de necessidade especial, que precisa ter condições mínimas para se adaptar a certas realidades. Por exemplo: numa escola com vários andares, tendo apenas escadas, sem rampas ou elevadores, não seria interessante colocar um portador de paraplegia, que só se locomove em cadeiras de rodas, para estudar numa classe regular que utiliza uma sala no quarto andar da escola. Como seria o seu acesso à sala de aula? Atenção e cautela só tendem a nos ajudar a tomar decisões sábias e positivas.

Eis algumas modalidades de atendimento em Educação Especial: Escola Regular, Classe Regular, Escola Especial, Classe Especial, Ensino Domiciliar, Classe Hospitalar, Escola Hospitalar, Escola Profissionalizante, Empresa-Escola. Cada realidade requer um tipo de modalidade de atendimento diferente. Por exemplo, um aluno portador de doença renal, necessitando de diálise, três vezes por semana, num hospital distante de sua residência. Por dificuldades financeiras para se deslocar, consegue residir por um tempo no próprio hospital. Logo, participa de uma classe hospitalar existente no mesmo. A necessidade de diálise e de residir no próprio hospital torna-se uma necessidade educativa especial, cuja modalidade é a classe hospitalar.

Em prol de um mundo melhor e uma sociedade mais democrática lutemos por uma Educação Especial e Inclusiva de excelente qualidade para todos!
Fonte: Webartigos.com Textos e artigos gratuitos, conteúdo livre para reprodução.

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